No dia 23 de julho foi inaugurada a coletiva Crossover, na Galeria Monique Paton, Centro, RJ. Eu e Isabel Löfgren, em nova parceria, desenvolvemos o trabalho inédito Mãe Preta, uma pesquisa que nos levou a mergulhar profundamente nos últimos 6 meses no tema da escravidão no Brasil, passado tenebroso e ainda bastante desconhecido para a maioria dos brasileiros, marcado por separações, humilhações e sofrimentos físicos, morais e espirituais.

“Mãe Preta” inclui três trabalhos em fotografia e video, mostrados dentro e fora da galeria. A série foi baseada no encontro das artistas com a pintura de uma figura de uma escrava carregando seu bebê nas costas na porta da galeria, local de uma de suas intervenções. “Mãe Preta” era o nome dado às escravas cujo trabalho era ser amas-de-leite e cuidadoras dos filhos dos senhores brancos na época da escravidão, em detrimento aos cuidados dos seus próprios filhos.

Inspiradas por nossa maternidade recente e já tendo trabalhado com imagens históricas, reinterpretamos a pintura desta mãe escrava – esta já sendo uma cópia de uma litogravura do pintor alemão Rugendas (conhecido por retratar a vida cotidiana do Rio de Janeiro em meados do século 19) – com meios contemporâneos. Na série, retratamos um modelo masculino e simulamos (com a ajuda da estilista Margo Margot) as vestimentas e a pose da escrava como forma de pôr em questão a representação da figura materna na época da escravidão em relação a questões atuais sobre etnia, sexualidade e gênero.

 

11782358_10153039684162636_577230676113623416_o