Crônica que nos foi presenteada pela estilista Margot Mello, dona da marca super bacana Ateliê Cortiço. Banco de Tempo continua com seus desdobramentos!
A loja do tempo
Um dia corrido nublado sem muita luz. Ando apressada e ansiosa em direção ao Centro da Cidade. Preciso urgente chegar à loja do tempo. Está em promoção um tempo que eu necessito muito.
Enfim chego à loja. Fico sem paciência, a fila é grande e penso, não tenho tempo para isso! Então é chegada a minha hora de ser atendida. Pergunto ao vendedor, sem demora, se ainda tem o tempo que necessito, eu sei que estava em promoção! O vendedor me responde apressadamente, meio rígido: Não, acabou! Agora só tem tempo com preço normal. Então indago: Será que você não me dá um desconto de pelo menos 5% se eu pagar a vista? Está muito caro! Eu só preciso de duas horas de tempo livre, para amar, comemorar, sorrir, contemplar… Não senhora, não posso fazer isso, esse tempo que a senhora necessita é supérfulo, ele só entra em promoção uma vez por ano e olhe lá, se a senhora quiser temos outros tempos na promoção, tempo para trabalhar, tempo para pagar as contas, tempo para enfrentar engarrafamentos… enfim, esses tempos que são necessários para a vida. Fico desanimada e respondo: Esses tempos eu já tenho em casa em estoque...
Ando em direção a rua com passos lentos e penso, ah que saudades de quando eu era dona do meu tempo, poderia ter vivido mais intensamente, com alegria, com amor, e sem culpa de ter tempo para as coisas simples e realmente valiosas da vida, mas a vida é implacável, e seu tempo finito.